DAS COMUNIDADES CRISTÃS E SEITAS EVANGÉLICAS?
Por Daniel Santos
Nós nos acostumamos a afirmar que existem muitas igrejas cristãs. Na verdade só existe uma, a que Cristo vê, conhece, usa e irá buscar um dia. Por um período pesquisei a respeito da fundação e desenvolvimento de alguns movimentos evangélicos contemporâneos. E constatei que em meio a esses movimentos, só existem duas linhas filosóficas: as seitas (possuem donos ou cúpulas) e as comunidades cristãs (herança da tradição cristã). Vejamos algumas diferenças:
COMUNIDADE CRISTÃ SEITA EVANGÉLICA
Presidido por Concílio Tem Dono ou Cúpula
Presidência Transitória Presidência Vitalícia
Obreiro-Vocação Obreiro-Conveniência
Prega a Palavra Usa a Palavra
Pastoreia Adestra
Discipula Manipula
Ensina. Escraviza
Doutrina Bíblica Doutrina Subjetiva
Interpreta a Bíblia Incrementa a Bíblia
Bíblia corrige experiência Experiência corrige Bíblia
Espiritual Misticismo
Fé & Razão Fé X Razão
Autoridade Bíblica Autoridade do Dono
Conversão Adesão
Teologia Soteriológica Teologia do Medo
Salvação pela Graça Salvação pela Placa
Acessível Flexível
Pastores Locais Fantoches
Revelação Alucinação
Não é o meu objetivo difamar os grupos religiosos, mesmo porque o joio e o trigo precisam crescer juntos. É possível que hajam ímpios nas comunidades cristãs e ingênuos sinceros nas seitas evangélicas. O intuito desse breve rabisco é, como sempre, para a nossa reflexão.
Através de uma história fictícia, pretendo trabalhar alguns aspectos dessas duas linhas. É óbvio que não esgotarei o assunto, entretanto teremos a noção do que se passa nas mentes de seus fundadores, súditos e simpatizantes.
Haviam em uma cidadezinha dois pastores auxiliares, servindo em uma mesma comunidade de fé. Um era conhecido pelo nome de pastor Jacó e o outro, pastor Esaú. O pastor Jacó era um homem simples, equilibrado e via na comunidade um certo comodismo, por parte do pastor presidente, e nutria dentro de si o desejo de começar um trabalho de evangelismo, discipulado e de capacitação ministerial, como fora na igreja de Atos. Por ter sido, muitas vezes impedido, resolveu desligar-se da comunidade e cumprir o que de fato o que Jesus designara à igreja.
O pastor Esaú desligou-se também, mas as suas motivações não eram nem um pouco semelhantes às do Jacó. Esaú sempre foi um homem abastado, bem posicionado na sociedade, e encontrava-se no direito de se tornar o pastor titular daquela pequena e tradicional instituição.
Se foi coincidência, não sei, mas ambos se encontraram no armazém principal da cidade. E nesse encontro muitos assuntos foram tratados, inclusive o que iriam fazer após a dissidência. Esaú não fez rodeios, disse que já estava à procura de um salão comercial para iniciar a sua nova "igreja". Jacó não entendia o motivo pelo qual Esaú não cederia o seu próprio lar para as primeiras reuniões, pois era essa a estratégia de Jacó.
A conversa se estendeu, se despediram e cada um entendeu que uma parceria seria impossível.
Após alguns meses os planos de Esaú se concretizaram. Dinheiro nunca foi problema para a sua família; os negócios (imobiliários) estavam em sua melhor fase em relação às outras épocas. A tão esperada sala comercial foi adquirida por meio da venda de um outro imóvel. Localizada em uma área privilegiada e poucos detalhes a serem reparados, nascia mais uma denominação evangélica, Igreja Evangélica Yeshua Está Voltando (IEYEV). Com culto apenas aos domingos, o pastor Esaú recebe sua família, amigos, clientes, políticos e um pequeno grupo da igreja mãe.
Enquanto isso, o pastor Jacó recebe em sua casa, aos sábados e aos domingos, alguns vizinhos, amigos e colegas do trabalho (supermercado).
Um ano depois o pastor Jacó faz um banheiro comercial em sua garagem e a adapta segundo às normas da vigilância sanitária. Registra a sua igreja e a denomina de Igreja Cristã do Evangelho Vivo (ICEV). Neste mesmo período, os dois pastores voltam a trocar ideias e experiências acerca de suas comunidades de fé.
O tema principal dessa conversa foi o crescimento numérico. Jacó defendeu a evangelização tradicional, isto é, cada convertido evangeliza um não convertido (corpo a corpo). Já o pastor Esaú criou um sistema de aprisionamento, isto é, uma espécie de "seita evangélica". O pastor Jacó não entendeu bem, mas Esaú fez questão de explicar. Disse ele: veja Jacó, o que prende as pessoas em um local é o contato com o sobrenatural e a Teologia do Medo. Correto? Respondeu Jacó: de certa forma, sim.
Continuou Esaú: vou divinizar a minha instituição, isto é, para que não haja questionamentos e a minha palavra se torne lei, vou me elevar à altura superior às escrituras: vou alegorizar a interpretação bíblica, para que todos os membros e pastores venham a mim para descobrir a interpretação correta.
O pastor Esaú, na verdade, queria ter o domínio das pessoas. Para isso, ele valeu-se de muitos textos descontextualizados do Velho Testamento para montar seu corpo doutrinário. Lógico, ele elaborou o seu sistema com a ajuda de muitas pessoas importantes da sociedade (políticos, médicos, empresários, entre outros). Seu regime deixou a teocracia bíblica e tornou-se ditadura religiosa.
O pastor Jacó lhe perguntou: mas como você vai prender essas pessoas psicologicamente? Respondeu Esaú: Simples! Vou dizer que recebi uma revelação do céu, afirmar ter visto anjos, elaborar alguns milagres com testemunhas falsas e estipular horários de oração e de jejuns. Qualquer pessoa que ora ou busca ao Senhor de alguma forma, Deus responde. E é aí que eu entro afirmando que essas pessoas só tiveram a resposta de Deus porque a minha instituição foi a mediadora. Claro, não direi com todas as letras, será dito nas entrelinhas do nosso discurso. Vou aos poucos anexando as experiências dos meus fiéis à minha instituição, terei todos debaixo do meu governo.
Tá, entendi até aí, afirmou Jacó. Após essa afirmação, Jacó fez-lhe outra pergunta: essas pessoas não podem ter acesso ao conhecimento; você sabe que o conhecimento liberta e a libertação gera rebeliões. O que você fará para impedir os teus fiéis de pensar?
Respondeu Esaú: juntamente com o corpo doutrinário que montei, segundo os malabarismos textuais, está o menosprezo à Teologia Bíblica e à Filosofia Histórica. Em todas as conferências que farei, criarei formas de acovardar a massa. O rebanho dará mais valor às experiências sobrenaturais (que nem sempre serão do Espírito Santo), do que ao bom senso e às escrituras. Os meus súditos nunca saberão que quem julga as experiências e os espíritos que eu invoco é a palavra (1 Jo: 4.4).
É meu amigo, o plano parece hostil. Consternou Jacó. Jacó reiterou: eu prefiro seguir o método deixado por Jesus Cristo e seus apóstolos. Não tenho a intenção de me tornar grande, aprisionar pessoas e tão pouco me aliar aos poderes deste mundo.
Aquelas palavras de Jacó não entristeceram nenhum pouco o coração de Esaú, muito pelo contrário, o empreendedor Esaú saiu dali mais esperançoso do que nunca.
Aproximando-se aos dias festivos do final de ano, a esposa do pastor Jacó (Ruth) vê em um açougue o pastor Esaú e três de seus obreiros, com umas sacolas, contendo nelas carne. Ela não resistiu, parou na calçada e conversou brevemente com um dos obreiros, ex membro da igreja mãe. Disse ela: Paz irmão! E o questionou: estão se preparando para a ceia de final do ano? O obreiro respondeu: Não, irmã Ruth. Essa compra é para preparar a comida que será servida na nossa última conferência deste ano. Todos os meses, inclusive nos feriados, somos convocados a comparecer às reuniões do pastor Esaú. Não temos tempo de nos reunir em família e tão pouco confraternizarmos entre irmãos. Yeshua está voltando! Afirmou o obreiro.
Retornando à sua casa, a irmã Ruth compartilhou com seu esposo a conversa que teve com o obreiro. No mesmo dia do encontro, o telefone do pastor Jacó tocou e ao atendê-lo, Jacó é surpreendido pelo convite do pastor Esaú. Disse-lhe Esaú: Jacó, a paz do Senhor, tudo bem contigo, meu irmão? Teremos neste final de semana uma conferência especial na nossa igreja, será durante todo o dia e terá uma taxa de inscrição. Conto com a presença de vocês. Jacó piscou o olho para Ruth, ela confirma com o olhar e decidem ir à tal conferência.
Chegando à igreja, o casal foi bem recebido, e tomaram rapidamente os seus assentos. O templo era bem diferente das demais igrejas; do atendimento à decoração da nave da igreja havia uma organização fora do comum. Não tinha como as pessoas não se sentirem bem; as músicas que os recepcionavam mexiam profundamente com as suas emoções. Parece que Esaú tinha pensado em tudo; sua instituição satisfazia os olhos, os ouvidos e com isso arrebatava o coração do público. Jacó sabia que o Espírito Santo não estava naquilo, mas mesmo assim viu que Deus honrava os que honestamente o buscavam.
Pontualmente às 7h iniciou-se a primeira etapa da convenção; o dirigente a chamou de: "Período de oração". Na verdade, ninguém orava, o que os anfitriões faziam era entregar "revelações" motivacionais a fim de recompensar os presentes pela disposição de terem saído de suas casas tão cedo. A segunda etapa, após um café da manhã de baixíssimo nível (inferior à taxa cobrada), teve como tema da aula: "A Revelação da Bíblia". Jacó e Ruth sentiam-se apreensíveis com relação ao que seria tratado na aula. A aula terminou, Jacó disse à Ruth: dá para resumir essa palestra em uma só frase: "bem vindos ao neoplatonismo". Por que você diz isto, amor? Perguntou Ruth. Respondeu Jacó: Esaú tinha me dito que iria acovardar o seu rebanho a não estudar as escrituras como elas verdadeiramente são e nem mesmo deixá-lo se aproximar da filosofia histórica, no entanto, resgatou a filosofia platônica desenvolvida pelos alexandrinos. Ele praticamente deu fôlego às ideias de Amônio, Orígenes, Plotino, Fílon, Agostinho entre outros. E esse método de interpretação (alegórico) era usado para tornar as bizarrices dos deuses gregos ideais mais palatáveis. A única diferença entre a chamada revelação da palavra, do Esaú, com os neoplatonistas é que ele, o presidente da instituição, é a própria revelação das escrituras. Ao ouvir essa explicação de seu esposo, Ruth se viu mais confusa ainda.
Antes do minguado almoço que foi servido, um integrante da cúpula, por nome Doegue, trouxe outra aula, esta chamava-se: "Um só Rebanho, e Um só Pastor". Nesse estudo, Ruth conseguiu assimilar o que o ministro Doegue quis expor; ela entendeu nas entrelinhas que o pastor Esaú é como a Torre de Babel, se os futuros ministros das futuras filiais não olharem para a revelação que vem da Torre, no caso, o pastor Esaú, perderão a salvação de Jesus. Doegue afirmou que o sistema religioso, ou seja, a igreja fiel de Esaú é o único Corpo de Cristo na terra. Admirado com a avaliação de Ruth, Jacó balançou a cabeça e com um leve sorriso complementou dizendo: a ditadura religiosa que ele, Esaú prometera, cumpriu-se; com certeza ele irá usar a obediência cega (ungido do senhor), o fideísmo Kierkegaardiano (fé sem razão) e a teologia do cabresto (malabarismos textuais).
Após o almoço as palestras que se seguiram trataram da abstinência familiar (o sistema acima da família); o ódio pelos dissidentes (amaldiçoar os que se libertaram da seita) e a manipulação dos "dons espirituais" a favor da seita e de seu presidente, no caso, Esaú. Ai daquele que entregar um dom confrontando a cúpula. As ameaças faziam parte do discurso de todas as aulas.
Chegando em casa, o casal notou uma confusão em suas mentes. Não sabiam o que estava acontecendo com os seus juízos, parecia que a realidade dos cultos da pequena garagem não tinha o mesmo impacto que a suntuosa e sedutora igreja do pastor Esaú. Jacó e Ruth estavam sofrendo muito para expandir o ministério da ICEV. Naturalmente, vieram as dúvidas: será que para crescer, precisamos inovar, nos fechar como as seitas, sacralizar a instituição, inventar doutrinas a partir de experiências e textos isolados ou até mesmo fazermos como o pastor Esaú, nos elevar a nível de semideuses (ungidos do senhor)?
Naquela semana, o casal sofreu uma terrível turbulência em sua identidade. As seitas evangélicas têm essa característica; é por isso que crescem tanto. Para os incautos que lá chegam, quanto mais simbólico, misterioso, exclusivista e rígido (mesmo que seja vazio) mais apetecível se torna. E o que não faltam são as experiências com as hostes espirituais (Ef 6.12) que permeiam estes lugares.
Há um tempo atrás, ouvi de um colega, integrante de uma seita evangélica famosa a seguinte justificativa: "eu não saio de lá porque lá eu tenho bastante experiências sobrenaturais com Deus"!
Observe o absurdo. Isso explica o crescimento da seita do pastor Esaú. Olhe como esse indivíduo sacraliza o lugar. A instituição, mesmo sendo criminosa (judicialmente), herege (biblicamente), opressora (psicologicamente) e imoral (politicamente), ele ainda julga ser Deus o autor de suas experiências. O crente pós-moderno (solúvel) é muito apegado ao conforto, às vantagens sociais e à conveniência do mundo esotérico.
Perturbados mentalmente, o casal, por um bom tempo, teceram comentários a respeito do inusitado sistema religioso. Um dos assuntos que trataram, foi acerca da distribuição de cargos. Ruth perguntou ao seu esposo: amor, você viu os professores da cúpula? Vi sim. Achei esquisito a classificação que o pastor Esaú fez; todos professores e futuros chefes de filiais são da elite, respondeu Jacó. Ruth estendeu a conversa, afirmando que essa organização é comum nas seitas evangélicas. Disse mais: querido, você sabe que para a classe alta pertencer à uma seita, tem que ser para governar, eles jamais se dobrarão às ordens de um membro simples. Não quer dizer que ele não terá um pastor pobre, seria muito limitador. Os pastores mais leigos tomarão conta de filiais marginalizadas, das periferias; o pastor Esaú sabe que da massa pobre, é que surgirão os trabalhos voluntários.
Jacó sorriu para sua amada esposa e disse: minha linda (abraçando-a), você desvendou um mistério que está oculto a todo servidor de seita. Eu reparei que em uma das aulas, o professor disse que quem se dispusesse ao serviço voluntário (trabalho escravo) da instituição, seria recompensado pelo "senhor da obra", que lá eles o chamam de espírito santo. Para quem teve uma experiência sobrenatural com os espíritos que lá se manifestam, compreende que O Espírito Santo dito na Bíblia é o mesmo que é manipulado lá.
Pelo que temos observado, Ruth e Jacó alcançaram as reais inclinações do pastor Esaú. A ditadura religiosa que esse líder implantou é semelhante à pax-romana dos tempos neotestamentários: uma paz violenta cuja casca apresenta o pão e o circo, enquanto a polpa é constituída de repressão.
Os cultos na ICEV (igreja do pastor Jacó) estavam ocorrendo normalmente, até que receberam, em uma das EBDs, a visita do Benaia, obreiro do pr. Esaú. Após o término do estudo, Benaia justificou à Ruth que o motivo pelo qual ele estava ali é que tinha-se desligado da instituição do Esaú. Jacó o convidou a tomar novamente o assento e pediu-lhe para que fosse mais claro. Benaia assentou-se e disse: eu não sei realmente o que é aquele lugar; eu nunca vi uma comunidade que se diz igreja fiel de Jesus que não se pode pregar a palavra como ela verdadeiramente é. Preguei ontem a noite, e quando, no meio da pregação, eu disse que só podemos respeitar a mensagem de um pastor, se ele for submisso às escrituras, fui chamado para a salinha de reunião no final do culto. Eu não entendi muito o que o Esaú tinha dito, mas pelo pouco que ficou compreensível, Esaú afirmou que a bíblia está sujeita à iluminação do governo, no caso, ele, o dono da instituição.
Benaia pertenceu à igreja mãe, de onde Esaú e Jacó saíram. O que este jovem obreiro não entendera é que Esaú acorrentou as escrituras às suas releituras. O método alegórico nos púlpitos de líderes licenciosos é sempre um perigo. O método alegórico, conhecido também como revelação, verdade oculta e mundo das ideias é um método grego da filosofia pagã. Confira: Filo (20 a.C - 54 A.D.), e Orígenes (185 - 254 A.D.) e Teógenes de Régis (c. 520 a.C.). Os deuses descritos por Homero e Hesíodo eram imorais, injustos, imprevisíveis, caprichosos, vingativos etc. E para que eles fossem mais palatáveis, a interpretação alegórica fez este papel.
Há uma discussão entre os métodos de interpretação. Se o correto é o literal ou histórico; alegórico ou tipológico (com ênfase na cristologia); moral ou tropológico e anagógico ou místico. Na verdade, as escrituras trazem inúmeros métodos. Acredito que se Cristo for a chave, não há regras. Veja que o problema não está em lançar mão do método, mas usá-lo de má fé, a fim de promover idéias, experiências sobrenaturais, dogmas, instituições (...).
Ao ouvir a declaração de Benaia, Ruth perguntou, retoricamente: o que será que passa na mente desses irmãos que continuam lá? Conheço irmãos sérios que granjearam cargos importantes na igreja do pastor Esaú.
Jacó, por sua vez, afirmou que acreditava na sinceridade dos candidatos. Disse ele: Esaú é astuto. Certa vez ele me disse que iria anexar as experiências sobrenaturais do rebanho às dependências da sua instituição. É por isso que eles repetem o mesmo discurso: "foi aqui que eu tive a minha experiência".
Benaia disse também que o espírito de adivinhação que age nas "igrejas" do Esaú é considerado como O Espírito Santo que agira no primeiro século, descrito no livro de Atos. Alegou Benaia: eu nunca soube de uma visão, revelação, sonho ou profecia que corrigiu a liderança ou a cúpula. Os "dons espirituais" parecem que trabalham para a instituição. É normal ouvirmos o pastor Esaú dizer que somente ele, o governo, tem acesso ao Espírito Santo e que não aceita questionamentos.
Jacó perguntou a Benaia a respeito das unções. Como se davam as cerimônias de ordenação dos pastores (chefes de filiais). Respondeu Benaia: primeiramente, a convocação à cerimônia é feita à todas filiais. Vou começar pela candidatura. O indivíduo que se converteu ao sistema não é preparado para servir de extensão do ministério de Cristo, mas para ser um fantoche do líder. Não importa o seu caráter, sua fidelidade às escrituras, seu equilíbrio emocional (...). O que de fato o Esaú exige é a obediência cega dos seus pseudopastores. É insanidade como os candidatos acreditam em suas ordenações; Esaú é claro quanto a ilegitimidade dos seus ministros. Ele não cansa de repetir nas entrelinhas: "vocês são pastores apenas debaixo da minha autoridade. Se vocês saírem do meu regime, vocês voltarão à inutilidade de origem".
Ruth interrompe Benaia e retoricamente, questiona: será que esses obreiros do Esaú não entendem que as instituições religiosas não passam de uma ferramenta para aplicar o nosso trabalho outorgado por Cristo; e que se essas ordenações fossem de fato do Espírito Santo, a mudança de instituição não as afetariam?
Jacó, com um leve sorriso, complementa: a sacralização de instituições religiosas, de regiões, cidades e objetos é uma doença quase que incurável. As pessoas gostam de se sentir importantes. Imaginemos um perdido que chegou a um lugar onde pessoas estão buscando a Deus com o coração sincero (de modo errado), e ele ouve do pastor que as respostas dessas orações estão vinculadas à instituição. É óbvio que a ignorância desse perdido o fará acreditar que ele está no lugar certo.
Jacó, Ruth, Benaia e os demais irmãos seguiram suas vidas, na humilde e próspera comunidade de fé. Já Esaú, cresceu de modo espantoso; suas filiais foram precisamente padronizadas; seu rebanho, orgulhoso; seus cultos, breves e mecânicos e conseguiu realizar o seu grande sonho: construir, através de mentiras e manipulações, um grande império.
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