CRISTO, A LEI DE DEUS.

Naquele tempo passou Jesus pelas searas, em um sábado; e os seus discípulos, tendo fome, começaram a colher espigas, e a comer. E os fariseus, vendo isto, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer num sábado. Ele, porém, lhes disse: Não tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele e os que com ele estavam? Como entrou na casa de Deus, e comeu os pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem aos que com ele estavam, mas só aos sacerdotes? Ou não tendes lido na lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado, e ficam sem culpa? Pois eu vos digo que está aqui quem é maior do que o templo. Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício, não condenaríeis os inocentes. Porque o Filho do homem até do sábado é Senhor. Mateus 12:1-8 (A.C.F)

Quando estudamos os evangelhos a fundo percebemos que os quatro livros contém ênfases distintas com relação à pessoa de Cristo. Mateus escreve aos judeus apontando ser Jesus o Messias prometido a Israel; Marcos se dirige aos romanos demonstrando o Senhor Jesus como servo; Lucas direciona o seu escrito aos gregos apresentando Cristo como o homem perfeito e por fim, o apóstolo João refere-se à Cristo, alegando ser ele, o filho de Deus.

Pois bem, feito esse esclarecimento, notamos que Mateus relata um diálogo onde o Senhor Jesus ensina aos religiosos o real sentido da lei e como ela se dá na prática.

Antes de trabalharmos este assunto precisamos entender o cenário apresentado pelas escrituras: temos de um lado os discípulos com fome em plena época da colheita; do outro, a pressão religiosa sobre os discípulos demonstrando com isso um possível zelo (sábado) por parte dos fariseus e o Senhor Jesus no centro, não só defendendo o oprimido, mas ensinando e levando o opressor ao real propósito da lei. Iremos destacar nesses oito versos pelo menos três grandes lições: 

Apenas o conhecimento das escrituras não basta para que andemos segundo os princípios de Deus

Nota-se que a questão imposta pelos fariseus era maliciosa, a intenção era pôr o Senhor à prova, fazendo com que Ele agisse contrário aos estatutos do Pai. Todavia Jesus lança mão da mesma escritura para derrubar os argumentos deles. O livro que contém as leis e os juízos é o mesmo que revela a misericórdia e a salvação.

Neste primeiro tópico aprendemos que a bíblia sem um relacionamento com Cristo, restam apenas leis, normas, métodos e juízos; quantas almas que se encontram famintas ao nosso a redor? E quantos métodos e regras são impostos pela religião? 

Para que possamos expor a palavra de Deus é necessário que antes do conhecimento das escrituras, haja um encontro pessoal com o seu Autor. Era isso que os fariseus precisavam saber.

A graça na qual Cristo se referia não era estranha às escrituras

Outro detalhe que os fariseus não se ativeram foi os "lampejos da graça" que o Senhor trouxe a tona; O Mestre fez questão de mostrar a eles que a misericórdia que Ele defendia já tinha sido vista em tempos remotos, isto é, se Deus, O Pai, poupou Davi, os seus homens e os sacerdotes que violavam o sábado, por qual motivo Cristo não relevaria a atitude dos seus discípulos?

Saber dessa verdade é extremamente confortante, quão maravilhoso é para nós hoje, pregar Jesus, a salvação e as bem aventuranças nos textos veterotestamentários! Foi justamente o que O Mestre fez, Ele se revelou através das escrituras; e importa que façamos o mesmo. Quando Cristo é o centro de nossos cultos, de nossas orações e de nossas pregações, vidas são alimentadas e os presos, (religiosos) são libertos, isto é, O Senhor Jesus é o único meio pelo qual podemos extrair vida das escrituras.

Em Cristo cumprimos toda a vontade de Deus

Imagino que não foi fácil para os fariseus ouvir de Jesus que Ele é maior do que o templo e o Senhor do sábado. O que eles não sabiam era que as leis, os estatutos e os métodos impostos por Deus no decorrer da história, serviam para provar ao homem que ele não seria capaz de cumpri-los, por eles mesmos. O próprio Senhor nos alertou: "E disse-lhes: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado." (Marcos 2:27)

O jugo do nosso Redentor é suave e o seu fardo é leve (Mateus 11:30). O pecado já tem sido pesado ao homem, por isso que ao que tem fome e sede apresentemos apenas O Cristo da cruz, pois é o seu Espírito Santo que os convencerá de todo pecado e o guiará em toda verdade.

Levando em consideração esses aspectos, estaremos preparados sempre para expor a lei do Senhor na sua essência. E a ordem é a seguinte: primeiramente temos um encontro pessoal com Jesus Cristo, depois o Espírito o revela nas escrituras e a partir disso podemos de forma integral cumprir a lei de Deus. E você, tem visto, tem vivido ou até mesmo divulgado a palavra de Deus na medida em que os que têm fome tenham um encontro com Deus, ou ao invés de anunciarmos a graça de Deus em Jesus, apresentamos métodos e regras religiosas? Que possamos a partir de hoje cumprir o nosso papel, de levar as boas novas de salvação aos cansados oprimidos.

Por Daniel Santos