OS DESEJOS DE ABSALÃO E A RELIGIÃO DO OPORTUNISMO
Por Daniel Santos
"Dizia mais Absalão: Ah, quem me dera ser
juiz na terra, para que viesse a mim todo o homem que tivesse demanda ou
questão, para que lhe fizesse justiça!" 2 Samuel 15:4
Três
herdeiros estavam na fila para assumir o trono: Amnon, o primogênito de
Davi; Absalão, o terceiro filho; e o quarto filho, por nome de Adonias.
Amnon, por
ter forçado Tamar, sua irmã, é assassinado "por Absalão"; Absalão é
covardemente morto pelo militar Joabe; e Adonias, a mando de seu irmão Salomão,
é morto por mais um militar chamado Benaia.
Em meio a
tanta confusão as posições tomadas pelo demagogo Absalão foram as que mais se
aproximaram das posições que presenciamos nos dias de hoje. Lógico, estamos
falando das constantes guerras que o mundo religioso está vivendo.
Em todo o
período da igreja, a religiosidade clama por juízes que "julguem" as
nossas mazelas e que os líderes estejam sempre à nossa frente se
responsabilizando por todas as nossas paixões, ou seja, se o nosso ego,
interesses financeiros e a "saúde emocional" estiverem sendo
supridos, fazemos desta linha religiosa, deste líder ou desta instituição a
boca de Deus na terra.
Outro ponto
que devemos destacar é o surgimento dos "rebeldes" que por sua vez a
primeiríssima atitude é aliar-se aos insatisfeitos do governo vigente e em
seguida esperar o momento adequado para efetivar a rebelião.
Há quem diga
que "os salmos do exílio"; os salmos 3, 4, 41, 55, 61 - 63 e 143; os
Salmos 25, 28, 41, 55, 58 e o 109 tratam de uma suposta enfermidade que Davi
sofrera; e porque não estava com capacidade suficiente para atender as demandas do povo, Absalão
aproveitou-se da situação.
Parafraseando
um conceito paulino, o apóstolo deixou bem claro que "Absalões"
estariam sempre em meio ao povo de Deus associando as experiências dadas pelo
Senhor aos seus servos com a servidão aos seus impérios:
"Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo
comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias
concupiscências;" (2 Timóteo 4:3). Paulo não era a favor de rebeliões, mas
atacou fortemente a servidão cega. Com isso Timóteo sabia muito bem a diferença
entre apascentar e adestrar.
A aliança
proposta por Absalão teve por objetivo fazer justiça. Consoante a aliança dos
donos de religião, a ideia continua a mesma, a promessa que permeia nos redis
é: serei "fiel à palavra" (justiça). E se formos honestos o bastante
podemos ver que desde Constantino a igreja escuta essa mesma promessa. Todavia
o que realmente importa é que a vontade do Senhor permaneceu e permanecerá
soberana independente dos acordos.
E como a
igreja fica em meio a essa guerra?
O escritor
de Hebreus, indiretamente pontua a causa e o efeito do problema: "Porque,
devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a
ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis
feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento" (Heb.
5:12). Toda falsa espiritualidade acovarda!
Vemos
membros de instituições religiosas que estão a vinte anos rastejando em suas
crendices sem ao menos ter provado uma vida íntima com Cristo, vivem como se a
vida eterna com Deus dependesse de mediadores.
Diferentemente
dessa realidade, triunfa a igreja de Deus. Ela não se acovarda diante de
grandes rótulos, não se esconde em ilustres cargos e não se vende às pomposas
regalias. A igreja lavada pelo sangue de Jesus se encontra no mesmo lugar que
foi posta pelo seu Salvador; ou seja, ela pode ser encontrada nos arredores,
nos vales, à margem, nas tempestades e nos lugares mais desprezíveis que se pode
imaginar. E de contínuo permanece mergulhada nas escrituras, preparada para
defender suas posições mesmo que para isso sofra desprezo, desonras, calúnias,
perseguições e a própria morte.
Nem Davi e
nem Absalão, mas O Senhor Jesus Cristo,
O Salvador de nossas almas.
Que o Senhor nos abençoe.
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