EXEGESE SÊMIO-DISCURSIVA (simples) EM 2° CORÍNTIOS 3:6
Ele
nos fez também capazes de ser ministros dum Novo Testamento, não da letra, mas
do Espírito; porque a letra mata, e o
Espírito vivifica.
Fase Preliminar e Preparatória: Texto, contexto e principais problemas.
Local: Corinto, colônia romana que liga o território grego a Peloponeso (KRUSE 1994, p. 17). Época: Novo Testamento; texto escrito na cidade de Éfeso (I Co. 16:8); epístola escrita por volta de 55 d.C. (MOODY 2017, p.4).
Costumes: O apóstolo Paulo combate os judaizantes de sua época a fim de que priorizassem o ministério do Espírito (7-8) mais do que o ministério da condenação (9); o coração aberto pela conversão em Cristo, mais do que o coração fechado, resultado de uma simples leitura de Moisés (15-16).
Apresentação: Já de antemão podemos notar a imprecisão dos cristãos de Corinto quando o assunto era interpretar a influência da Graça nas sagradas escrituras. É importante destacar que Paulo não escreveu aos neófitos, mas aos ministros (ou aspirantes) que dariam continuidade ao trabalho que fora iniciado por ele. Portanto estaremos trabalhando, boa parte da nossa exposição, a atemporalidade da nova aliança em detrimento à "transitoriedade da lei".
2. Ler novamente, identificar gênero, percursos temáticos.
Pesquisa:
Gênero: Carta
Percursos
Temáticos:
O Espírito vivifica os que a lei
condena
O ministério de Moisés termina em
Cristo
O Novo Testamento eterniza a
transitoriedade da lei
Dentre outros possíveis temas,
destaquei esses três porque é necessário que entendamos a respeito da vida que
estava oculta na "lei mosaica"; dos futuros ministros que partiriam
de Cristo (e não de Moisés) e da excelência em pertencermos a um pacto eterno
(Novo Testamento).
Fase Final: Análise e aplicação
1. Analisar o texto em diferentes
pontos de vista:
Espaço-Temporal: Separar pessoas e
ações para entender quem está fazendo o que? Para que? Por que? Para quem?
Onde? E quando?
Personagens: O Senhor; Cristo; Espírito do Senhor; Filhos de Israel; Ministros e Moisés.
2. Teologia: Análise do discurso, leitura intertextual.
Pesquisa:
Analisando o texto, percebemos uma
ênfase muito forte, por parte do apóstolo, em discursar por meios de
contrastes. Os pontos de confronto propostos por Paulo distinguem: a letra do
Espírito, o ministério de morte do ministério do Espírito, a glória transitória
da Glória eterna, Moisés da igreja e o coração vedado pela lei do coração
convertido por Cristo.
Apresentação:
Era óbvio que Paulo não estava
substituindo as escrituras por uma aventura puramente mística; tanto é que, é
possível vermos em seu discurso a preocupação em fazer com que os seus leitores
entendessem a limitação da lei após o derramar do O Espírito Santo, ou seja, o
que os filhos de Israel não conseguiram alcançar na tentativa de cumprir a lei,
agora é possível mediante o messias de Deus. Logo os contrastes, portanto não
são excludentes, mas de certa forma, complementares.
3. Sociocultural e psicológica: Impacto social e pessoal.
Pesquisa:
Destacamos aqui 7 expressões que
impactaram diretamente a vida pessoal, social, cultural e psicológica dos
coríntios:
Capacitação ministerial proveniente
do Espírito; a enaltecida letra que agora mata; a glória que maravilhou os
antigos, vista como transitória;o Velho Testamento foi abolido por Cristo e uma
aparente depreciação da pessoa de Moisés (figura importantíssima).
Apresentação:
Sociocultural e psicológico
Reconhecemos que não foi tão simples
para um judaizante escutar termos dessa natureza, entretanto a intenção de
Paulo era esta mesma, proporcionar, psicologicamente "uma ruptura"
com a velha cultura, isto é, não era a lei o fim, mas um meio pelo qual a graça
viria.
Pessoal e social
Paulo tinha a convicção que um
ministro dependente do Espírito Santo seria um indivíduo muito mais realizado
como pessoa, e consequentemente este modo de vida iria influenciar
positivamente as pessoas que o cercasse.
4. Aplicação: Proposta Missional. (Proposta para a prática da Igreja)
Apresentação:
De acordo com BRUCE (2002, p. 8): “a
graça de Deus já começou a trabalhar na vida dos justificados. Sua ação
continuada recebe suficiente atestado do Espírito que neles habita, e é essa
mesma graça que, no dia de Jesus Cristo, levará à consumação a obra divina tão
bem começada”.E é justamente isso que nos tem trazido até aqui; não somos nós
que nos justificamos com as obras da lei, mas somos justificados pela “obra
continuada” do Espírito Santo. A igreja é gerada pelo Espírito, contém o
Espírito, é sustentada pelo Espírito e poderosamente, tem sido usada para o seu
próprio crescimento, tanto em números quanto em profundidade do Espírito. Temos
que reconhecer o contexto no qual os nossos irmãos estavam inseridos, todavia a
lição está aí, ficou registrada, a ação continuada do Espírito continua viva e
operante. Que a partir dessa singela meditação possamos ler, estudar e meditar
na lei do Senhor e acima de tudo, estarmos mais sensíveis às nossas limitações
e suscetíveis às ministrações do Espírito Santo de Deus.
Por Daniel Santos
REFERÊNCIAS:
MOODY, Dwight L. Comentário Bíblico Moody: Livro 2
Coríntios. São Paulo, SP: Editora Batista Regular, 2017, p. 4.
BRUCE, Frederick F. Romanos: Introdução e Comentário. São Paulo, SP: Editora Vida Nova, 2006, p. 8.
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