A GLÓRIA DA ÚLTIMA CASA

Por Daniel Santos



A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos, e neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos (Ageu 2:9).


Considerados como os grandes fundadores da "Grande Sinagoga", Ageu, Zacarias e Malaquias pertenciam ao prodigioso grupo de eruditos nos dias de Esdras. Pouco sabemos a respeito da vida particular do profeta Ageu, no entanto, a sua contribuição, juntamente com Zacarias, de enfatizar a restauração do Templo é lembrada até os dias de hoje (BEACON, 2016).

Israel passara por um período bastante humilhante, visto que despatriar um povo que tinha como promessa última permanecer em sua terra, um desterro seria a última experiência que ele desejaria. É nítido que a idolatria na vida de Judá fez com que ela, mesmo debaixo da bênção, deixasse o seu Abençoador. Esse é um perigo que nos rodeia constantemente; precisamos, na verdade, é de um relacionamento maduro com O Provedor, porque a provisão nem sempre se apresenta com clareza, isto é, ela pode vir de várias formas, e como nos apegamos facilmente às nossas vãs perspectivas, corremos o risco de não distingui-la. Quem nunca recebeu um livramento por meio de um aperto?  Apesar de terem sido difíceis, os anos de cativeiro, foram setenta anos de amadurecimento espiritual. Essa evolução é vista no período intertestamentário; notamos que uma nova e devota natureza judaica emergiu das transições de impérios (babilônico, persa, grego e romano).

É possível afirmar que a primeira casa foi derribada porque a vida espiritual dos seus integrantes não correspondia aos intentos do Senhor dos Exércitos. Deus é soberano, e por isso é válido considerar que Judá foi submetida a um "polimento espiritual". Embora não nos sintamos confortáveis com alguns métodos de reparos, usados por Deus, é necessário que estejamos sensíveis a eles. Quando o nosso foco está no resultado dos métodos, e não no desconforto deles, mais aptos estaremos para testemunhar o amor e a fidelidade de Deus. O Senhor faz com que as primeiras páginas de nossa história produzam páginas dignas de serem lidas. Portanto não nos preocupemos com as estruturas, que ainda irão ruir, mas concentre-se na casa espiritual que Deus fará de você.

Ageu afirmou que a última casa seria mais excelente, isto está claro no texto. O que muitas vezes nos passa despercebido é, quem de fato, está prometendo a excelência (O Senhor dos Exércitos). Força militar pressupõe liderança, submissão, doutrina e enfrentamento. Deus nunca disse que a nossa caminhada seria fácil, no entanto, não poupou palavras para nos certificar que é dEle o comando. O bom soldado de Cristo (2 Tm 2.3) persevera na obediência às doutrinas (Palavra inspirada), pois sabe que elas são as norteadoras dessa breve campanha militar (a vida). O profeta reitera o seu encorajamento valendo-se de uma condição interessantíssima, porquanto prometer paz a um grupo que se encontrava farto e, financeiramente, estabilizado, na Babilônia, não foi uma proposta tão tentadora assim. Não tenho reservas em acreditar que essa paz se referia à paz com o Senhor dos Exércitos. Esses homens não perceberam que as estabilidades desta terra nem sempre correspondem à saúde espiritual. A paz vertical é sempre superior ao bom convívio horizontal, mesmo porque os séculos a seguir foram de intensos conflitos (veja o período seleucida).

Diante das considerações levantadas, é imprescindível que estejamos atentos às velhas estruturas que em nós são destruídas; que entendamos a maturidade espiritual como um atributo decorrente do bom relacionamento com O Eterno e que saibamos priorizar a paz com Deus dentre as mais diversas formas de sucesso.

REFERÊNCIAS

REED, Oscar et al. Comentário Bíblico Beacon: velho testamento. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p. 5.


Tecnologia do Blogger.